domingo, 30 de novembro de 2008

Como roubar um milhão de dólares




Cenário, Paris, década de 60.
A história, um filme leve, encantadoramente ingênuo, desses que não se fazem mais. Conta a história da filha de um falsificador de obras de arte (intrerpretado pela bonequinha Audrey Hepburn) que pede ajuda a um charmoso "aparente" ladrão (Peter O'Toole) para evitar que as fraudes de seu pai sejam descobertas.
O objeto-da-hora, o ponto de partida do filme, é uma escultura de Benvenuto Cellini, artista florentino (1500/1571), obviamente falsificado, que ao ser exposto em uma galeria de arte, teria que ser avaliado por um perito para fins de ser segurado.
Além da presença charmosa de Audrey, que desfila roupas de Givenchy, há um desfile de obras de Picasso, Miró e uma bela escultura-móbile de Alexander Calder que aparece quando os personagens observam o esquema de segurança do museu. Calder, americano (1989/1976) foi escultor, pintor, gravurista e designer e se notabilizou pela invenção do móbile, na decada de 1930.
Mais um filme recomendado para quem não está a fim de nada "cabeção" como foi dito num dos comentários que li sobre o filme.





domingo, 5 de outubro de 2008

No Centro Cultural CEEE Érico Veríssimo






Obras da artista Estelita Branco, numa exposição retrospectiva que se chama: "Ponto por ponto, linha com linha: homenagens".
A exposição fica até dia 11 de outubro, na Sala O Retrato do Centro Cultural CEEE Érico Veríssimo - Rua dos Andradas, 1223 - Porto Alegre/RS.
Fazem parte da exposição 15 obras nas quais artista usa recursos dos novos meios tecnológicos onde as imagens surgem de aquarelas, de fotografias, fotocópias recortadas e coloridas onde as linhas reforçam os traços numa cumplicidade ímpar, acrescentando-lhes cor e relevo.
A linha-fio, que através da agulha persegue as outras linhas, ultrapassa-as, ganha liberdade e passa a completar as figuras interrompidas, criando novos espaços e completando-lhes o sentido.



quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Alberto da Veiga Guignard


o lírico da pintura moderna


"...Minha profissão como artista requereu muito exercício,
boa vontade e principalmente uma grande tenacidade.
Sem isto nada se faz".



A obra de Guignard se destaca por seu forte conteúdo lírico. "Ele não fazia parte de grupos, não era um teórico da pintura, não usava seu trabalho como panfletagem política. Pintava o mundo ao seu redor, cheio de euforia e sempre transfigurando-o", diz o crítico Frederico Morais. Isso fica claro quando se observam os temas mais freqüentes de sua obra. As paisagens de Minas Gerais, cheias de colinas, nuvens e igrejinhas, evocam uma atmosfera de sonho. Seus vasos de flores são fulgurantes e coloridos. Seus retratos sempre trazem o modelo em primeiro plano e o fundo preenchido com alguma paisagem imaginária ou objetos delicados. Os traços sinuosos e ondulantes garantem a poesia.
Chega a ser curioso que Guignard tenha produzido uma obra tão vibrante, tais foram as tragédias que enfrentou. Nasceu com o lábio leporino (uma abertura entre a boca, o nariz e o palato) e conviveu com a deformidade por toda a vida. Seu pai se suicidou quando ele era criança. A mãe, que tinha algumas posses, casou-se com um barão alemão falido e levou Guignard e a irmã para a Europa. Lá, ele cresceu e estudou pintura. Ainda jovem, perdeu a mãe e a irmã. O padrasto, que não gostava dele, torrou a herança. Por fim, Guignard casou-se com uma estudante russa de música, Anna Doring. Felicidade, afinal? Nada disso. Ela o abandonou na lua-de-mel por motivos que Guignard não revelava. Nunca se recuperou do trauma e viveu o resto da vida alimentando amores platônicos.
Guignard, o mais empático e lírico pintor modernista brasileiro, nasceu em Nova Friburgo, Estado do Rio de Janeiro, no ano de 1896 e faleceu em Belo Horizonte, em 1962. Sobressaiu-se como paisagista mas criou também magníficas naturezas-mortas e importantes retratos. Foi um artista completo pois atuou em todos os gêneros da pintura - de naturezas-mortas, paisagens, retratos até pinturas com temática religiosa e política, além de temas alegóricos. Foi, portanto, um dos mestres da pintura brasileira na primeira metade do século XX. Ainda que o paisagismo de sua pintura esteja imbuído de um encantamento e de uma afetividade intensos, Guignard permanece irredutível a todo apelo nacionalista ou a qualquer outro iedário. Suas cores pousam sobre a tela com a leveza de aquarela, a aparente ingenuidade das composições faz ainda mais enignmáticas e complexas a serenidade, a íntima ternura e a sabedoria da visão de Guignard.
Neto de um cabeleireiro da corte de D.Pedro II, em Petrópolis, Alberto Guignard, ficou órfão de pai ainda menino. A mãe, inconformada com a perda do marido, casa-se em seguida com um barão alemão arruinado, bem mais jovem que ela, com quem se muda para a Alemanha, levando junto Guignard. Sua formação foi alicerçada em bases européias pois lá viveu dos 11 anos aos 33. Lá freqüentaria as Academias de Belas Artes de Munique e Florença.
Em Munique, Guignard dedicou-se sobretudo ao desenho, técnica que exercitou exaustivamente. De volta ao Brasil nos anos 20, tornou-se um nome representativo dessa década e da seguinte, juntamente com Cândido Portinari, Ismael Nery e Cícero Dias. Alguns críticos atribuem à vivência internacional de Guignard as influências do fauvismo matissiano, da vitalidade cromática de Raoul Dufy, do laconismo formal de Paul Cezanne e da fleuma naïf de Henri Rousseau. Se foi ou não influenciado, Guinard também influenciou pois ainda jovem orientou um grupo - uma espécie de atelier coletivo - do qual participavam Iberê Camargo, Vera Mindlin e Alcides da Rocha Miranda. Nessa época, a convite do então prefeito de Belo Horizonte, Jucelino Kubitschek, que estava pretendendo criar um pólo cultural em Belo Horizonte, deixa o grupo e muda-se para aquela cidade onde instala um curso de desenho-pintura no recém-criado Instituto de Belas Artes. Guignard gostou tanto do que viu em Minas que meses depois da primeira visita mudou-se de vez para a cidade. Tornou-se um apaixonado pela paisagem e gente de Minas Gerais. Extrovertido e triste,sempre oscilou entre a rigidez e a riqueza da emoção. Com belos resultados que o fizeram, ao mesmo tempo clássico e lírico e com muitos escorregões, principalmente no fim da vida, quando pintava em desordem pouco inspirada. Os que o conheceram lembram sua espontaneidade e ternuras infantis, às quais se misturava uma grande tristeza. "Pintar, para ele, era viver". Até a sua morte, Guignard expõe inúmeras vezes no Brasil, ressaltando-se as restrospectivas que lhe foram dedicadas em1953, pelo Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e pelo Museu Lasar Segall, em 1992. O Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro, sob a curadoria do marchand Jean Boghici, amigo pessoal de Guignard, realizou em abril de 2000, uma restrospectiva com ares de megaesposição internacional. A exposição ocupou 2 mil metros quadrados de uma das galerias do Museu e deve ter sido uma resposta às críticas de que o MNBA tivese virado palco de mostras blockbusters, certamente em função das exposições de Rodin, Monet e Dalí (realizadas entre 1995 a 98). O artista plástico

Antonio Dias, em entrevista ao JORNAL DO BRASIL havia ironizado o calendário do museu, afirmando que "depois das mostras Dalís, é a vez das mostras daquis".

Algumas obras de Guignard:


Nankin, 1930



Sabará

Ouro Preto











1935

071933


Referências bibliográficas:
Revista VEJA 07/07/1982

JORNAL DO BRASIL, 02/04/2000
VEJA DE 05/04/2000

Revista PROGRAMA do JB, de
/04 a 13/04/2000.

Mais sobre Guignard clique aqui
e
aqui

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Tarsila do Amaral

Tarsila ,
a Dama Antropofágica
(1886-1973) a grande canibal





Nascida em Capivari, em 1886, e criada numa fazenda de Jundiaí, filha de família de fazendeiros paulistas, Tarsila cresceu "livre como uma cabrita". Realiza seus estudos no Colégio Sacre Coeur, em Barcelona, de onde retorna aos 20 anos de idade. Seu primeiro contato com a pintura dá-se no atelier de Pedro Alexandrino em 1917, onde conhece Anita Malfatti.
retrato de Tarsila feito por Anita

Em seguida estuda com um alemão imigrado e em 1920 volta para a Europa, inscrevendo-se na Académie Julian e expõe pela primeira vez em 1922, no Salon des Artistes Françaises . Retorna ao Brasil após a Semana de 22 mas a tempo de engajar-se aos artistas que a promovem, através do Grupo dos Cinco (Tarsila, Anita Malfatti, Mário e Oswald de Andrade e Menotti del Picchia, que os descreveu como "um grupo de doidos em disparada por toda a parte no Cadillac de Oswald"). Mesmo não tendo participado da Semana de 22 ela é considerada o emblema feminino do modernismo no País, criadora que foi das telas que marcaram a poética pau-brasil, trazendo as cores caipiras e as formas chapadas do imaginário à pintura. Paulo Herkenhoff, curador-geral da Bienal de São Paulo, edição 1999, onde Tarsila teve lugar de honra, diz que ela representou o ápice da antropofagia: a deglutição de modelos importados da Europa e a sua superação pelo exotismo, pela temática e pela projeção da cor local.Foi a grande pintora das artes plásticas da Semana de 22.
















Auto-retrato ou Manteau Rouge - Em Paris, Tarsila foi a um jantar em homenagem a Santos Dumont com esta maravilhosa capa (Manteau Rouge, em francês, significa casaco, manto vermelho). Além de linda, usava roupas muito elegantes e exóticas, e sua presença era marcante em todos os lugares que freqüentava. Depois desse jantar, pintou este maravilhoso auto-retrato.



O ano de 1923 foi decisivo em sua carreira, uma vez que, em Paris, estudou com Lhote, Gleizes e freqüentaria o atelier de Léger. Data daí sua absorção das lições de estruturação do quadro cubista,

quadro com essa tendência: a disciplina, a síntese dos elementos e a valorização da cor à maneira de Léger.


Em 1923 já se percebe a noção que os brasileiros têm sobre a imagética brasileira e isto estava claro em seus quadros de então. Coube a ela a fusão inventiva e singular da nova informação estética, com a absorção das lições do cubismo, com a magia da "atmosfera" brasileira, presente em seu trabalho em seu período máximo (1924/1930). Uma pintura de florescências e deformações oníricas, construída com formas reminiscentes do mundo rural, algumas vezes vagamente etnográficas e, segundo Sergio Millet, com uma paleta de tonalidades "caipiras". Veja o quadro Os Operários e Mamoeiro pintado em 1925,

As fases mais criativas de Tarsila foram a "pau-brasil" e a "antropofágica" nas quais ela desenvolveu uma linguagem artística própria e produziu suas obras mais importantes. A fase "pau-brasil" nasceu do contato de Tarsila com o universo da tradição popular brasileira e de sua própria coletânea de memórias da infância, passando a tecer uma poética plástica, que une o aprendizado da síntese dos traçados cubistas a um olhar deslumbrado com a geografia e as cores de nossa própria paisagem. Esta atitude artística foi apelidade de pau-brasil, nome emprestado do conjunto homônimo de poemas escritos por Oswald, com quem Tarsila se casaria mais tarde.
(Estudo para Antropofagia, nanquim sobre papel, cuja versão final está aí abaixo.)




Inaugurou sua fase antropofágica e o movimento antropofágico no Brasil - o grande objeto de comoção nacionalista - quando pintou o famoso Abaporu em 1928, rompendo com a tradição da pintura acadêmica e com o estereótipo de "dama da elite cafeeira". Obra que desmonta a anatomia de um corpo humano em perfil, ladeado por um cactus e um sol sintético. Oswald apelidou a tela e o movimento antropofágico, cujo batismo foi inspirado pela própria obra. Esta tela foi arrematada pelo colecionador argentino Eduardo Constantini por US$ 1 milhão e 300 e encontra-se exposta no MALBA - Museu de Arte Latino Americana de Buenos Aires.
Antropofagia torna-se a palavra de ordem para um novo caminho da arte brasileira, que deveria engolir certas inspirações estrangeiras para digerí-las de acordo com realidades e necessidades nacionais. Para Tarsila, a fase antropofágica marca uma expansão de pesquisas e um florescimento visual. Urutu , também de 1928, é outro importante símbolo da arte brasieira: é ela quem estampa a capa do catálogo Latin American Artists of the Twentieth Century , exposição histórica, concebida pelo MoMA Museu de Arte Moderna de Nova York, em 1993, que viajou o mundo com o projeto sintético de varrer visualmente a história da arte latino-americana.

Abaporu

Após as fases "pau-brasil" e "antropofágica" Tarcila orienta sua pintura para um cunho social, chegando a expor, em 1931, no Museu de Arte Ocidental de Moscou, que lhe adquire o quadro O Pescador. O lugar de destaque ocupado pela artista no cenário das artes plásticas nacionais é surpreendente, se levarmos em conta que para ela, nos primeiros anos, a pintura era algo muito próximo de um capricho de moça rica, educada à francesa.. Seu primeiro período passado em Paris (entre 1920 e 1922) parece uma extensão desse "tipo" de compromisso de Tarsila com a arte que parece ter se modificado apenas quando retornou ao Brasil, quando conheceu o grupo modernista. Oswald de Andrade teve papel fundamental nesse período de Tarsila.

O pescador

Urutu

Sol Poente



Fonte bibliográfica: Rosa Gabriela de Castro ,texto publicado na Revista CULT/fev/1999.
Segundo Caderno ZH dia 05/01/1999 e Correio do Povo de 28/04/03.
Revista REPÚBLICA set/1997.

site oficial clique:aqui


sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Brennand em Porto Alegre


A exposição do escultor, desenhista e pintor Francisco Brennand, que acontece no Museu da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Brennand: Uma Introdução leva aos visitantes um pouquinho do trabalho do artista plástico Francisco Brennand, nascido em 1927 no Recife, cuja obra abrange a escultura, a pintura e o desenho, numa vasta produção ao longo de 60 anos de carreira. Faz parte das programações dos 200 anos do Banco do Brasil, chamada Brasil Itinerante. Ela fica em cartaz até dia 28 de setembro, no Museu da Universidade Federal do RGS, Av. osvaldo Aranha, 227 - Porto Alegre/RS

A mostra tem curadoria de Olívio Tavares de Araujo e é composta de 33 esculturas, 17 pinturas e 9 desenhos, selecionados entre as mais de 1700 obras presentes na Oficina da Várzea, próxima a Recife, onde o artista cria e mantém suas obras para visitação pública.

Os trabalhos que compõem a exposição são inspiradas no sofrimento e dor, com esculturas dramáticas, femininas e sexuais. As mulheres, um dos focos principais do trabalho do artista, são lembradas por suas vidas perturbadas e sofridas, como as de Joana d´Arc, Inês de Castro, Ofélia, Maria Antonieta e Helena de Tróia.

"No ano passado, uma enciclopédia brasileira incluiu pela primeira vez um verbete sobre Francisco Brennad. Assegurou então que ele "busca inspiração na arte sacra e no folclore nordestino". Está errado. É verdade que na década de 1960 o ainda-pintor Brennad se voltou transitoriamente para essas duas matizes, mas nem de longe elas aparecem na escultura, que é a parte mais importante de sua produção. A informação está com quase 50 anos de atraso.
O habitat natural desas obras é a Oficina Brennand, a 20 quilômetros do centro do Recife. Por um lado é uma indústria cerâmica, que fabrica objetos decorativos e revestimentos de alta qualidade. Por outro, é uma espécie de enorme museu, a maior parte a céu aberto, com mais de 1.700 esculturas espalhadas por galpões e jardins. Trata-se de um trabalho sem final, um work-in-progress, um projeto
de vida, visto que Brennand, utilizando a mesma argila de que se serve a indústria, continua produzindo e aumentando a população da Oficina.
É uma arte estranha, dramática, com muita morbidez e violenta carga de sexualidade - não de erotismo, que é outra coisa. Tem-se a sensação de estar em algum monumento da antiguidade oriental -0 um templo ou palácio mesopotâmico, talvez, construído ha 3.000 ou 4.000 anos. Já houve quem, em visita a este espaço, tirasse os sapatos para "absorver melhor a energia" brotando da terra. Por certo não há nenhuma energia diferente, nem Brennand é um bruxo habitando um lugar especial. mas é o impacto é tão grande que as pessoas começam a viajar.
São centenas de personagens da história antiga e da européia, da mitologia greco-romana, da Bíblia. O que os interliga, todos, são seus destinos particularmente trágicos, sangrentos. O verdadeiro tema de Brennand, tratado obsessivamente e à exaustão nas obras capitais, foi e continua sendo o destino trágico do homem, sua infelicidade essencial, hoje como ontem e amanhã".
Olívio Tavares de Araújo
Curador da Exposição


(Crédito destas 3 fotos: Eduardo Kasper)


Obs.: Tem link para a página de Brennad acima, à direita do blog



domingo, 17 de agosto de 2008

Outro filme para os amantes da arte



'Sombras de Goya' retrata época marcada pela Inquisição


Goya, interpretado pelo sueco Stellan Skarsgard (de Piratas do Caribe), aparece no filme como um angustiado observador que, protegido por seu status de artista preferido da monarquia, escapará de ser vítima direta dos inquisidores. Mas não terá poder de impedir seus abusos contra alguns de seus amigos.

Escrito a quatro mãos por Milos Forman e pelo consagrado roteirista francês Jean-Claude Carrière, o roteiro parte do momento em que Goya convida a posar para ele a jovem Inês Bilbatua (Natalie Portman), filha de um rico comerciante local. Fiel à beleza de sua modelo, seu retrato torna-se rapidamente uma das maiores atrações do ateliê do pintor.

Para sua desgraça, Inês atraiu também a atenção dos inquisidores. Ao vê-la recusar um prato de carne de porco, numa noite em que saíra com seus irmãos, espiões da Igreja a denunciam por "judaísmo" e ela é convocada para um interrogatório.

Na sede da Inquisição, o clima é sempre mais favorável a uma condenação, não só para Inês, como para todos que têm a infelicidade de se tornarem seus alvos.

Submetida à tortura, a jovem conhece o horror e a solidão, sem que sua família possa fazer nada a respeito. O fundamentalismo cristão dava as cartas naquela sombria Espanha dos reis Carlos IV (Randy Quaid) e Maria Luisa (Blanca Portillo, de Volver).

Há uma última esperança para Inês e ela está nas mãos do padre Lorenzo (Javier Bardem). Apesar de não chefiar a Inquisição, ele é um conselheiro suficientemente hábil para influenciar suas decisões. Ao visitar Inês em seu calabouço, porém, Lorenzo é dominado por suas próprias tentações.

Enquanto isso, o sensível Goya nada mais pode fazer do que traduzir em suas telas estes e outros horrores de seu tempo. O principal deles é a invasão das tropas francesas, que abalará a Inquisição mas também dizimará a Espanha.

É sempre bem-vindo observar como o veterano Forman, de 75 anos, realiza um filme assim vigoroso. O diretor de O Mundo de Andy (1999), colecionador de Oscar em Um Estranho no Ninho (1975) e Amadeus (84) não perdeu o jeito, nem a energia.

texto extraído do "Estadão


Curiosidades sobre o filme:

- Milos Forman escalou Natalie Portman após saber que ela gostava da garota na pintura "Milkmaid of Bordeaux", de Goya.

- Quando questionado do porquê de um filme sobre Goya, uma personalidade tão característica da Espanha, ser falado em inglês, o diretor Milos Forman simplesmente respondeu que não sabia falar espanhol.

- e esta é minha: quando fui procurar o filme numa locadora do bairro, a menina que me atendeu me olhou com cara de espanto, como se eu estivesse procurando um ET. Não soube nem digitar corretamente o nome "goya" na sua pesquisa. Céus!!!! A mediocridade grassa!!!


quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Velásquez

Diego Rodríguez de Silva y Velázquez (1599/1660) pintor da corte espanhola do século XVII, foi um dos maiores artistas de todos os tempos. Mesmo vivendo em meio aos fidalgos cortesãos, não deixou de inspirar-se em figuras populares para compor seus magníficos quadros que tornaram-se representação viva da sociedade castelhana daquele tempo.
Abaixo, transcrevo um texto de Ferreira Gullar sobre o pintor espanhol:

AS MENINAS

Ferreira Gullar em Relâmpagos (Cosac& Naify)

O quadro está de costas e está de frente: de costas para você (que o vê por trás ao lado esquerdo) e de frente para Velásquez que o pinta. Mas a verdade é que está de frente para você e já pintado. Aliás, desde 1656. Não obstante, Velásquez (você o vê) o está pintando. São dois espaços do tempo numa mesma superfície de tela.

Aparentemente, você está atrás do quadro e de frente para o pintor, que tem ao lado o seu motivo: a infanta e as damas de companhia, que ele pinta. Mas não as pinta diretamente: pinta a imagem delas refletida no espelho – um espelho que não se vê, de cuja existência se sabe apenas pelas coisas que reflete: o pintor, as meninas e as mulheres, o cão e também, lá no fundo, um homem que se detém numa escada; ao seu lado, refletidas num outro espelho pequeno, as imagens do rei e da rainha, que entraram na sala, no outro extremo do aposento, fora de nossa vista. Assim, o quadro contém o que se vê e o que não se vê, num jogo de espelho e de espaços e tempos. É o quadro dentro do quadro, imagens de imagens. Realidade e ilusão que se confundem. Miragem, pintura...

Um momento da vida, mínimo episódio da história humana – pessoas que, numa sala, posam para um pintor que as retrata - ali na Espanha, num certo dia do século XVII. E parece uma visão irreral esta cena real (com sua luz doce) que Velásquez fixou na tela para sempre. Mas que na vida, se desfez naturalmente em seguida, como qualquer outra, entre palavras e risos.


quinta-feira, 24 de abril de 2008

Personagem da peça Hamlet de Shakespeare, Ophelia é tema dos pintores ao longo da História da Arte, como mostro a seguir. Deve haver outra tantas criações mas é o que encontrei.


Esta é de Eugène Delacroix, pintor francês (1789/1863)

Paul Delaroche, francês (1797/1856)

Ernest Hébert, francês (1817/1908)

George Frederick Watts, inglês (1817/1904)

Thomas Francis Dicksee, inglês 1819/1895


Alexandre Cabanel, pintor francês 1823/1889


Dante Gabriel Rossetti, 1828/1882


William Gorman Wils, irlandês 1828/1891



John Everet Milais, inglês 1829/1896


Arthur Hughes, inglês 1832/1915
Hughes


Jules-Joseph Lefebvre, francês 1836/1911


Pierre Auguste Cot, francês 1837/1883


Odilon Redon, pintor francês 1840/1916


George Clairin, francês 1843/1919
Clairin

John William Waterhouse, inglês 1849/1917
Waterhouse


Henri Gerveux, pintor francês 1852/1929


Henrietta Rae, inglesa 1859/1928


Margaret McDonald, inglesa 1863/1933


Lucien Lèvy Dhurmer, francês 1865/1953



Paul Albert Steck, francês 1866/1924